Quando Watchmen foi lançada, em 1986, as histórias em quadrinhos ganharam seu Cidadão Kane. O roteirista Alan Moore e o artista Dave Gibbons injetaram realismo, personagens complexos e elementos literários inéditos naquele formato. Único gibi na lista da Time dos 100 maiores livros do século 20, Watchmen é a graphic novel mais vendida da história, com 2 milhões de exemplares. Até aqui, era considerada uma obra intocável. Era.
Será lançada hoje nos EUA a revista Before Watchmen: Minutemen, primeira de sete minisséries que se passam antes da trama de Moore, em uma realidade paralela onde os heróis são caçados pelo governo, na década de 1980. A decisão da editora DC de retornar ao universo de Watchmen, mesmo sem o aval do criador, causou uma calorosa discussão sobre ética comercial. Legalmente, a editora não está errada, ela é dona dos personagens. Eticamente, a história é mais complicada.
"O problema é que nos falaram que Watchmen seria um título nosso e que determinaríamos o destino dele", reclamou Moore ao site Seraphemera Books. "Se você comprar essas revistas, não precisa comprar mais nada escrito por Alan Moore". O gerente da loja Bergen Street Comics, de Nova York, anunciou que não irá vender os gibis em apoio a Moore. O artista Chris Roberson (iZombies) pediu demissão da DC por não concordar com as decisões da editora.
"Watchmen foi concebida com começo, meio e fim. Ela deveria permanecer intocável", crê Sidney Gusman, editor-chefe do site brasileiro Universo HQ. "Esses derivados não vão desvalorizar a obra original", diz o desenhista Rafael Grampá (Mesmo Delivery).
A Panini Comics ainda não sabe quando lançará as séries no Brasil. Mas o editor Fabiano Denardin acredita no sucesso das obras criadas por nomes como Jim Lee e Darwyn Cooke: "A expectativa é a melhor possível devido aos talentos envolvidos".
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